Aqui está uma lista de livros que influenciaram minha maneira de encarar a vida e o principal aprendizado que tive com cada um deles.
Fiz questão de não categorizar por tema. Aqui tem livros de artes, finanças, programação, filosofia e ficção. Não existe uma fronteira clara mostrando onde termina um tema e começa o outro, todos eles fazem parte da minha vida como um todo.
Obviamente, com o tempo essa lista vai crescer.
Conteúdo:
Sobre criatividade.
Copie seus ídolos descaradamente, mas não se esqueça de dar os devidos créditos. (ídolos = pessoas que te inspiram)
Não persiga originalidade, isso é uma ilusão.
"Não há nada de novo debaixo do sol".
Ao invés disso "copie" as pessoas que te inspiram. Nesse processo faça combinações inesperadas. É daí que surgirá algo (com cara de) "original".
Estude os ídolos dos seus ídolos. Crie uma árvore genealógica das pessoas que te inspiram.
Sobre melhor uso do seu tempo, no que se refere a gastar tempo se envolvendo em discussões.
Escolha suas batalhas.
Em tradução livre, o trecho diz o seguinte:
(...) escolha suas batalhas.
Imagine que no futuro exista um movimento para banir a cor amarela. Propostas de pintar qualquer coisa de amarela são denunciadas como "amarelistas", bem como qualquer pessoa suspeita de gostar da cor. Pessoas que gostam da cor laranja são toleradas, mas vistas como suspeitas.
Imagine que você perceba que não há nada de errado com o amarelo. Se você sai por aí dizendo isso, você também será denunciado como um amarelista, e você vai se ver tendo um monte de discussões com os anti-amarelistas. Se o seu objetivo na vida é reabilitar a cor amarela, isso pode ser o que você quer. Mas se você está mais interessados em outras questões, ser rotulado como um amarelista será apenas uma perturbação. Discuta com idiotas e você se torna um idiota.
Esse trecho do livro foi muito libertador pra mim! Parece que ele descreveu com palavras claras algo que eu já praticava meio que sem querer.
Certamente existem infinitos temas e pautas que me incomodam, mas quando eu paro pra pensar "Será que estou mesmo querendo brigar por isso? Quero sacrificar o tempo com minha família para ficar debatendo sobre esse tema?"
Antes de entrar em discussões sobre um tema polêmico, eu me faço as seguintes perguntas:
Essas perguntas me ajudam a não desperdiçar meu tempo me envolvendo em discussões infrutíferas, que muito frequentemente não muda a opinião de ninguém e só gera animosidades desnecessárias.
Sobre a relação entre mentira e auto-estima.
(Curiosidade: esse é o livro que inspirou o filme Blade Runner.)
No ambiente descrito no livro, animais verdadeiros são raros. Possuir um animal de estimação é extremamente raro e sinal de status e riqueza. Porém a tecnologia evoluiu de tal forma que existem réplicas de animais, que são mais acessíveis ao público geral. O trecho a seguir descreve o pensamento do Rick Deckard enquanto ele conversa com seu vizinho sobre criação de (réplicas de) animais:
A coisa que mais sonhava no mundo era em ter um cavalo, de fato qualquer animal. Ser dono de uma fraude era algo que ia gradualmente desmoralizando qualquer um. No entanto, do ponto de vista da sociedade, era necessário.
O que ficou marcado aqui pra mim é o fato de que ser dono de uma fraude é desmoralizante.
Mesmo que ninguém saiba, lá dentro do seu íntimo você sabe que existe uma fraude. E isso vai lentamente consumindo sua auto-estima. Você não quer reconhecer mas começa a sentir vergonha de si mesmo. Mesmo que se esforce pra não pensar nisso, lá no seu subconsciente você sabe que é "dono de uma fraude".
Provavelmente você se tornará mal-humorado e irritadiço. Começará a criticar os outros e dar muita atenção e destaque ao erro dos outros. Isso é uma fuga para tentar esquecer que você é "dono de uma fraude".
Título explicitamente auto-explicativo. Sobre como valorizamos algo em função do tempo (agora ou no futuro?).
Este livro me mostrou que o efeito dos juros compostos é inerente na natureza. Está embutido em qualquer forma de troca intertemporal na natureza. Portanto não é um conceito que se aplica apenas a finanças.
Os juros são o prêmio da espera na ponta credora - os ganhos decorrentes da transferência ou cessão temporária de valores do presente para o futuro; e são o preço da impaciência na ponta devedora - o custo de antecipar ou importar valores do futuro para o presente.
Um exemplo emblemático de como esse conceito foi importante pra mim é o fato de eu me esforçar para fazer exercícios físicos atualmente.
Fazer exercícios físicos não é algo que me faz sentir prazer, no entanto eu entendo que é importante para minha saúde.
Mesmo que no presente (2022, eu com 41 anos de idade) eu não sinta tão claramente a necessidade de exercícios físicos, eu sei que essa prática será muito importante para minha saúde quando eu for um idoso.
Se eu antecipar o "custo" de fazer exercícios físicos pra hoje, isso me custará muito menos quando eu for um idoso.
Falando de outra forma: se eu deixar pra praticar exercícios físicos somente quando for idoso, isso será muito mais "caro".
Nunca sacrificar felicidade para ganhar mais dinheiro
O aprendizado mais importante de todos foi:
Se você não é feliz enquanto está se tornando rico, dificilmente será feliz quando for rico.
Eu aplico esse ensinamento da seguinte forma: não tolerar situações de trabalho que não me trazem satisfação, mesmo que seja financeiramente lucrativo. Eu acredito que satisfação com o trabalho e lucratividade são duas coisas que devem andar lado a lado, são duas coisas que se retroalimentam e geram um efeito bola-de-neve fenomenal. Priorizar uma coisa em detrimento de outra deve ser evitado ao máximo!
Uma outra forma de abordar esse tema é: Nunca abra mão de coisas que o dinheiro não pode comprar, em troca de dinheiro.
Aplicação prática deste conceito:
Eu estava em dois empregos, ganhando uma boa grana. No entanto passava pouquíssimo tempo com meus filhos. Meu caçula tinha 6 anos de idade. O pensamento que me fez tomar a decisão de largar um dos empregos foi "por mais dinheiro que eu tenha, não existe quantia alguma que eu possa usar para comprar 'curtir a infância do meu filho'. Isso tem que ser feito agora."
Gosto de dizer que dinheiro só traz felicidade até o ponto em que você consegue ter um teto, alimentar sua família e ficar livre de dívidas. Obviamente que ter essas coisas básicas traz felicidade. Mas chega um determinado ponto em que ter mais dinheiro não traz um aumento significativo de felicidade. É nesse momento que você tem que começar a decidir com mais sabedoria se quer, por exemplo, "trabalhar mais pra ganhar mais dinheiro" ou "ensinar seu filho a andar de bicicleta".
Observação: tomar cuidado para não cair na falsa dicotomia do "amor vs. dinheiro".
Construa ativos antes dos passivos
Tenha clareza do que é um ativo e o que é um passivo. Observação: uma coisa ser classificada como ativo ou passivo depende do contexto e do uso que você faz.
Claro que passivos muitas vezes nos trazem prazer, e é claro que todos nós gostamos disso (até mesmo os ricos). Mas primeiro construa seus ativos de forma que você consiga bancar seus passivos sem empobrecer (sem diminuir seu patrimônio).
O dinheiro não é real!
Quanto mais real vocês pensarem que o dinheiro é, mais arduamente trabalharão por ele. Se perceberem que o dinheiro não é algo tangível, enriquecerão mais rápido.
Quanto mais precisamos de dinheiro, mais poder ele exerce sobre nós. Todos nós precisamos de dinheiro para comer, pagar água, luz, internet e afins. Mas após pagarmos por essas necessidades básicas, temos uma quantia que cabe a nós classificarmos como "dinheiro que não precisamos". É o que fazemos com essa quantia que nos torna ricos (ou mais pobres, se ficarmos adquirindo passivos).
Ninguém fica rico trabalhando. As pessoas ficam ricas em casa.
Claro que falando dessa forma soa como um clickbait. Na verdade o conceito completo é o seguinte:
É no trabalho que você ganha dinheiro e é em casa que decide o que fazer com ele. O que você faz com o seu dinheiro é o que o torna rico ou pobre.
Isso abriu meus olhos para o fato de que saber administrar o dinheiro que vem pra sua mão é muito mais importante do que ficar se sacrificando pra ganhar mais e mais.
Muito provavelmente, se você ganhar mais, vai acabar gastando mais. E isso vai só te manter por mais tempo na "corrida dos ratos". (Pense em um ratinho correndo dentro de uma roda. O ratinho pode se esforçar pra correr mais rápido, mas a roda nunca sai do lugar.)
Claro que ganhar mais dinheiro é bom, mas use estratégias inteligentes para isso.
Bons exemplo: estudar, se aprimorar, ser melhor no que faz, investir em bons cursos. Desta forma você consegue cobrar mais por seu trabalho.
Exemplos ruins: aceitar mais trabalhos do que o que você é capaz de entregar com qualidade, na intenção de ganhar mais dinheiro. Isso só vai te prejudicar. A péssima qualidade do seu trabalho vai ser notada e isso vai arruinar seu networking.
Dinheiro vs. Amor
"O dinheiro não é mais importante que o amor". Ora, essa é uma comparação equivocada. O que é mais importante: o seu braço ou sua perna? É óbvio que ambos tem importância!
Posteriormente descobri que o nome desse tipo de falácia é falsa dicotomia.
Separe uma grana pra curtir
Uma coisa que pode parecer surpresa pra maioria das pessoas, é que meu principal aprendizado deste livro foi:
Não adianta ser sovina! Você também precisa gastar dinheiro para curtir a vida.
Nas palavras do autor:
Temos uma natureza holística. Não podemos afetar uma parte da vida sem afetar outra. Algumas pessoas economizam ao extremo. Com isso o seu ser lógico e responsável fica satisfeito, mas o seu "instinto primitivo" não. No fim esse instinto primitivo, ávido por satisfação, diz: "Chega! Quero um pouco de atenção também!". E sabota os seus resultados.
Portanto, separe uma grana para curtir!
O livro não fala muito disso, mas o grande perigo desse "ensinamento" é não chamar a tenção para os perigos da antecipação do consumo, muito facilitada pelo uso do Cartão de Crédito.
O grande problema é que via de regra as pessoas é não têm controle algum sobre seus gastos. Não ter noção nenhuma de pra onde seu dinheiro está indo.
Vida fácil, escolhas difíceis
Outra coisa que foi bem marcante pra mim (e que depois vi menções a esta mesma ideia em vários outros lugares) foi sobre vida fácil:
Se você só estiver disposto a realizar o que é fácil, a vida será difícil. Mas se concordar em fazer o que é difícil, a vida será fácil.
Eu prefiro resumir assim: Vida fácil, escolhas difíceis. Vida difícil, escolhas fáceis.
Exemplos práticos (meramente ilustrativos e super-simplificados):
Observação: não estou fazendo nenhum juízo de valor. Aliás, eu adoro jogar videogame. O importante aqui é ter consciência de que quando eu estou (por exemplo) jogando videogame, eu estou fazendo a escolha fácil. Se o meu contexto no momento permitir, eu vou é jogar mesmo! Faça uma auto-avaliação honesta sempre que fazer essas escolhas.
Quando devo começar a me preocupar em administrar meu dinheiro?
Agora.
Não é pra fazer isso só quando você "ficar rico". Você deve administrar seu dinheiro independente da quantidade de dinheiro que tem.
O hábito de administrar o dinheiro é mais importante do que a quantidade de dinheiro que você tem.
Quem pretende passar a controlar o dinheiro assim que "sair do buraco" se comporta da mesma forma que o obeso que diz "Vou começar a fazer exercícios e dieta depois que perder 10kg".
Heurísticas > Algoritmos
Ou falando com minhas palavras: Perguntas são mais valiosas que respostas.
Algoritmos nos fornecem soluções para um determinado problema. Heurísticas nos fornecem dicas de como criar algoritmos.
Eu prefiro falar da seguinte forma: algoritmos nos fornecem respostas, heurísticas nos mostram quais são as perguntas. Eu acredito que as perguntas são mais valiosas pois elas mudam com menos frequência. As respostas podem variar muito dependendo do contexto, mas as perguntas permanecem as mesmas.
Controlar a complexidade
O principal objetivo de um profissional de software é controlar a complexidade.
Isso foi bem 🤯 mindblowing pra mim. Me deixou alerta no meu trabalho, sempre atento a situações onde a complexidade das soluções está saindo de controle. Se uma determinada estratégia aumenta a complexidade, muito provavelmente este não é o melhor caminho.
Observação: não esquecer da Lei de conservação da complexidade (aka Tesler's Law):
Toda aplicação tem uma quantidade inerente e irredutível de complexidade. A única questão é: quem vai lidar com isso - o usuário, o desenvolvedor da aplicação, ou o desenvolvedor da plataforma?